quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Lagarta Mineira dos Citrinos

Há alguns dias que andava a ficar preocupado com as laranjeiras, além de aspecto saudavél apresentam os rebentos novos muito enrolados, como o tempo não é muito visto que andava entretido com outras culturas, achava que o problema devia de ser de origem fungica e que com umas aplicações de Calda Bordalesa a coisa estabilizava.
Estava enganado, observei que as folhas novas apresentavam uma espécie de trilhos na parte inferior, após Googlar sobre o assunto verifiquei que se tratava de um ataque de Lagarta Mineira.
Neste momento vou ver que tipo de tratamento vou utilizar, mais tarde digo-vos como foi o resultado da guerra.


Descrição pormenorizada da Lagarta Mineira

A mineira dos rebentos dos citrinos é um microlepidóptero da família Phyllocnistidae, que ataca os órgãos vegetativos tenros (folhas, rebentos e muitas vezes os próprios frutos). Afecta de uma forma geral todas as espécies e variedades de citrinos com interesse comercial, provocando prejuízos mais graves nas árvores jovens, reenxertadas ou recentemente podadas. A P. citrella é uma espécie que é activa durante todo o ano. Os ovos da lagarta mineira dos citrinos é difícil de detectar à vista desarmada, têm cerca de 0,3mm de diâmetro, apresentam uma forma ligeiramente oval, achatada, com superfície aparentemente lisa, hialina e translúcida a transparente, assemelhando-se a uma gotícula de água. Após a eclosão, P. citrella passa por quatro instares larvares. A larva do 1º instar é minúscula, com cerca de 1 mm de comprimento. Inicialmente, é hialina a levemente amarelo-esverdeada, intensificando-se a coloração amarela à medida que se alimenta. Nos outros instares larvares, as larvas apresentam uma coloração amarela, são alongadas, achatadas dorso-ventralmente e desprovidas de patas. A pupa tem um aspecto fusiforme, com uma coloração amarelo-acastanhada a castanha-escura destacando-se os olhos. Mede aproximadamente 2,5 mm de comprimento antes da emergência. O adulto é uma pequena borboleta com cerca de 4 - 5 mm de comprimento e 5 a 8 mm de envergadura, de cor branca e brilho nacarado. As asas são plumosas e têm tonalidades douradas nas extremidades e pontuações pretas bem destacadas. O dimorfismo sexual é pouco evidente à vista desarmada, embora as fêmeas apresentem geralmente um abdómen mais volumoso e dimensões ligeiramente superiores. No entanto, a identificação baseada apenas nestas características pode originar erros, uma vez que as dimensões adquiridas pelos indivíduos estão muito dependentes da forma como decorreu o seu desenvolvimento larvar.


O adulto da lagarta mineira refugia-se na copa das árvores e na vegetação espontânea, enquanto nas restantes fases do seu desenvolvimento mantém uma vida oculta.


A fêmea encontra-se apta para iniciar as posturas, cerca de 24 horas após o acasalamento. Este ocorre poucas horas após a emergência. As fêmeas podem pôr de 21 a 28 ovos, durante um dia, na proximidade das nervuras das folhas, em raminhos jovens e, ocasionalmente, na epiderme dos frutos. O período de incubação dos ovos oscila entre 2 a 10 dias. Após a eclosão, as larvas penetram imediatamente na epiderme da folha, onde se alimentam do conteúdo celular dos tecidos do parênquima. À medida que se alimentam escavam uma mina inicialmente rectilínea, junto à nervura central, tornando-se progressivamente mais visível e claramente sinuosa, em serpentina, à medida que se aproxima da fase de pré-pupa. Dirigem-se para a margem das folhas, onde, com a ajuda das secreções sedosas que produzem, é mais fácil a formação de uma dobra onde irão construir o casulo. Atrás de si deixam uma linha contínua de excrementos que, por oxidação, tornam-se escuros e sólidos. Esta fase apresenta uma duração que pode variar entre 5 a 20 dias, estando muito dependente da temperatura.


Na fase de pupa sofre as transformações necessárias para a formação do insecto adulto, podendo este período durar entre 6 a 22 dias.


A duração do ciclo é muito variável dependendo das condições climáticas e da existência de substrato vegetal, podendo variar entre 13 e 52 dias e apresentar de 4 a 13 gerações anuais. Apesar do carácter pontual, um estudo realizado num pomar de limoeiro, localizado na região de Mafra, permitiu detectar, no período de Abril a Outubro de 1996, a existência de cinco gerações.


A longevidade dos adultos é diferente consoante o sexo, sendo que os machos vivem em média 2,37 dias e as fêmeas 3,75 dias. Os adultos emergem ao amanhecer, enquanto que a sua actividade ocorre entre o crepúsculo e a manhã.


A actividade alimentar das larvas da P. citrella, particularmente ao nível das folhas, provoca a destruição das células do parênquima foliar e consequentemente surgem galerias, quer na página inferior quer na superior. O espaço vazio do parênquima é ocupado por ar e excrementos da larva. Este processo origina deformações ao nível da folha que resultam das assimetrias no crescimento das folhas e também das dobras que a pré-pupa origina ao construir o casulo e a deterioração do rebento, a qual se caracteriza por amarelecimento generalizado, enrolamento das folhas, necrosamento dos tecidos foliares e abcisão prematura. Os estragos são tanto mais importantes quanto maior for a intensidade de ataque e quanto mais novos forem os órgãos afectados. Os ramos tenros também são atacados, assim como os jovens frutos. Assim, os estragos originados por P. citrella resultam em deformação dos órgãos afectados, numa diminuição do vigor vegetativo da árvore e, consequente redução da produção futura.



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